Foto: Lucas Amorelli
Márcia Denardin enfrenta problemas para receber medicamento
O paciente de esclerose múltipla precisa tomar doses regulares de medicamentos caros, como o Gilênya (nome de referência) ou o Fingolinode (genérico), únicos medicamentos orais fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) atualmente. Se o tratamento for interrompido, além de causar lesões, o paciente precisa recomeçar a terapia do zero.
Os remédios são comprados pelo Ministério da Saúde e repassados ao governo do Estado. Em Santa Maria, quem faz a distribuição é a Farmácia da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (4ª CRS). Mas, desde o começo do mês, muitos pacientes não conseguiram retirar a caixa com 28 comprimidos.
Situação que a tenente reformada da Brigada Militar Márcia Denardin enfrenta. Diagnosticada com a doença há 14 anos, desde 2005, ela retira medicamentos especiais na farmácia do Estado. Porém, segundo ela, desde 2014, sempre nesta época do ano, falta o medicamento. O remédio não cura a esclerose múltipla, mas serve para dar uma proteção e ampliar o espaço entre um surto e outro, atuando também na prevenção da atrofia cerebral.
- Não tenho como comprar, é muito caro. Para não ficar sem tomar o medicamento, e na esperança que chegue o quanto antes, eu estou tomando dia sim, dia não. Ainda tenho uns sete ou oito comprimidos, só. O problema é que se o paciente ficar sem tomar essa medicação por 14 dias, precisa recomeçar o tratamento como se fosse a primeira dose no ambiente hospitalar ou em uma clínica, porque precisa ser monitorado, fazer exames por conta do tipo de medicação, sem contar o problema das sequelas que a interrupção pode causar - conta.
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Márcia é integrante da Associação dos Portadores de Esclerose Múltipla de Santa Maria e região (Apemsmar). Segundo ela, o atraso, dessa vez, seria em função do vencimento do contrato entre o Ministério da Saúde, e a empresa que venceu a licitação para fornecer a medicação.
- Ficamos sabendo que o contrato foi assinado em 20 de fevereiro, e é válido por um ano, mas a reposição dos medicamentos só deve ser normalizada em cada cidade um mês depois. A gente está com medo que isso não aconteça, por vários motivos. Como está muito demorado, a gente não tem a informação de quando vai chegar e de quantos vão vir. Todo ano, isso acontece. O Ministério da Saúde precisa se antecipar para que os pacientes não fiquem sem - desabafa Márcia.
MEDICAÇÃO EM FALTA
O vice-presidente da Apemsmar, Claiton Martins Alves, foi informado que a falta do produto ocorre em vários Estados do país, e não somente no Rio Grande do Sul.
A responsável pela farmácia do Estado em Santa Maria, Glenda Carafa Mori, confirma que a medicação está em falta. A última caixa com 28 comprimidos foi entregue no começo de março.
- Os primeiros pacientes, que vieram no começo do mês, conseguiram buscar. Como é um medicamento de esclerose múltipla, é difícil ficarmos muito tempo sem. Distribuímos os dois, tanto o referência quanto o genérico, depende da licitação. Mas entrei em contato com a equipe do almoxarifado, e eles disseram que não tem previsão de chegada. Mas provavelmente, até o próximo dia 20, vamos recebê-lo- explica Glenda.
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A DOENÇA
A esclerose múltipla é uma doença neurológica degenerativa que afeta o sistema nervoso central provocando lesões cerebrais e medulares, comprometendo a visão, a fala e os movimentos. A doença não tem cura e pode se manifestar por diversos sintomas, como fadiga intensa, depressão, fraqueza muscular, dores articulares e disfunção intestinal. A Associação Brasileira de Esclerose Múltipla estima que, hoje, 35 mil brasileiros possuam a doença.